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Hoje, que já foi ontem, vivo entre o atelier e a rua, e a ordem é indiferente, sem saber onde nasci primeiro. Claro que já existia, e acompanham-me impressões que são indissociáveis do exercício do pensamento renovador de uma estabilidade possível, rigorosamente entre o atelier e a rua. Há uma história pessoal, um tempo de sucessão de acontecimentos que envolvem pessoas, situações e lugares, alguma nostalgia e mágoas, deixando a clarificação disto para outra ocasião. Hoje, liberto de ilusões que pertencem ao passado, continuo a fazer alguma coisa em vez de nada, para dizer agora que um outro EU não consente os silêncios, leva-me a procurar respostas que devo ter sobre mim mesmo, e diz-me para praguejar quando for preciso, sem risco, sem destinatários, ou são todos. Posso dispensar-me de dizer seja o que for, algumas banalidades muito em uso, mas a palavra oportuna e o desviar do olhar são no atelier motivo, porque é imperioso voltar sempre à carga para encontrar o outro análogo, um terceiro, não necessariamente conciliador; e na esteira desse fundamental encontro, preparado em vão de véspera, seja o que deus quiser. É por desajustada funcionalidade das ideias colocadas em bruto, e devido à impossibilidade parlamentar, que emudeço por detrás de um sorriso ou da ironia, com avanços e recuos também do corpo que não sou, aquém do passo terminante.